Kriptacoin: Recuperada Lamborguini de R$ 1,8 milhões e R$ 2,4 milhões em dinheiro

A Polícia recuperou a Lamborghini de R$ 1,8 milhão com suspeitos de envolvimento com o esquema de pirâmide que culminou a operação contra a falsa moeda virtual Kriptacoin.
O veículo foi apreendido na BR-060, em trecho próximo a Anápolis (GO), e estava no nome de terceiros – que não estão entre os 11 presos nesta quinta (21), quando a operação Patrik foi deflagrada, nem entre os dois que seguem foragidos.
O carro foi interceptado com a ajuda da Polícia Rodoviária Federal.
Até as 17h, os investigadores ainda não sabiam qual a relação do motorista com o esquema de moeda falsa – e por isso, não sabiam se ele permaneceria detido.
Durante a operação, os investigadores acharam até um cofre em uma academia de Vicente Pires, com cerca de R$ 2 milhões.
O estabelecimento é de propriedade de Marcos Kazu Viana Oliveira, um dos presos nesta quinta.
Segundo o coordenador de Repressão a Crimes contra o Consumidor, Ordem Tributária e Fraudes (Corf), delegado Wisllei Salomão, a Polícia Civil ainda procura identificar todas as vítimas do esquema. Para isso, é importante que as pessoas que investiram no Kriptacoin se apresentem.
“O importante é que as vítimas registrem ocorrência na delegacia próxima à sua casa, noticiem o que sofreram, para tentar ser ressarcidas em algum tipo de valor”, diz Salomão.
As investigações continuam em andamento, porque a Polícia Civil e o Ministério Público ainda tentam descobrir novas pessoas envolvidas.
O promotor de Defesa do Consumidor do MP, Paulo Binicheski, diz que é preciso avaliar se os outros operadores do Kriptacoin agiam de má-fé, ou se também eram lesados pelos líderes do esquema.
“A gente tem que individualizar as condutas, verificar se há um dolo [intenção] nesse sentido, se as pessoas sabiam que era uma pirâmide”, afirma.
A organização mandava áudios com promessas e ameaças aos investidores.
Muita gente ainda vai cair

O esquema era sofisticado e contava com alto apelo nas redes sociais, rádios e grandes emissoras de TV. Tudo foi pensado para convencer de que se tratava de um negócio com credibilidade e segurança.
Uma peça publicitária chegou a ser montada pelos golpistas em cima de uma decisão do promotor do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) Paulo Roberto Binicheski.
A imagem era apresentada sempre que alguém os acusava de pirâmide financeira.
O promotor alegou que se trata de uma denúncia isolada. “Em nenhum momento eu afirmei que a empresa não pratica a pirâmide financeira. Apenas aleguei que, naquela denúncia específica, ainda não havia indícios que justificassem uma investigação”, contou.
Lista dos presos:
Weverton Viana
Welbert Marinho
Marcos Kazú Viana Oliveira
Fernando Ewerton
Wellington Junior
Hildegard Melo
Franklin Delano
Thaynara Carvalho
Urandy Oliveira
Sérgio Vieira de Souza
Alessandro Bento
Chegou até nós informações de mais dois carros importados sem paradeiro da Kripta, uma Lamborghini de placa EQH0009 e uma Ferrari placa FFF0458, também pertencentes a Weverton Marinho.
Para os que foram lesados, a polícia sugere que procurem a delegacia mais próxima para fazer a ocorrência. “Hoje, foi feita a apreensão de vários carros de luxo, quantias em dinheiro e alguns prédios de propriedade dos ‘cabeças’ dessa organização.
Eles serão objetos de restituição das vítimas”, disse o promotor. “Mas é muito provável que muita gente fique no prejuízo”, admitiu.
O Fim do Golpe
A megaoperação deflagrada na manhã desta quinta-feira (21) pela Polícia Civil para desarticular um esquema de “pirâmide financeira” prendeu Weverton Viana e outros 10 mentores da moeda virtual falsa Kriptacoin no Distrito Federal e em Goiânia.
Outras duas pessoas apontadas como integrantes da organização criminosa estão foragidas. Segundo a polícia, os suspeitos devem ser indiciados por estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e uso de documento falso.
A Operação Patrik apurou que o esquema movimentou R$250 milhões a partir de investimentos de cerca de 40 mil vítimas na moeda. Somente no DF, 14 pessoas chegaram a registrar boletim de ocorrência contra a empresa Wall Street Corporate, que gerenciava o negócio. Esta e outras duas empresas também foram alvo da operação.
O nome da operação remete à denominação da pirâmide financeira, numa nova configuração das letras que compõem a palavra kriptacoin. O trabalho é realizado pela 1ª Promotoria de Defesa do Consumidor (Prodecon) do Ministério Público, em parceria com a Coordenadoria de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, a Ordem Tributária e a Fraudes (Corf) da Polícia Civil do DF.
A Justiça expediu, ainda, 18 mandados de busca e apreensão no DF e na capital goiana. Oito carros de luxo foram apreendidos e estão no estacionamento do Departamento de Polícia Especializada em Brasília. Um helicóptero foi bloqueado no sistema da Agência Nacional de Aviação (Anac), mas ainda não havia sido localizado.
As investigações foram realizadas pela Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, Ordem Tributária e Fraudes (Corf) em conjunto com a Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon), do Ministério Público do DF.
Segundo a polícia, uma das vítimas disse que aplicou quase R$ 200 mil sem retorno e, ao tentar resgatar os valores aplicados, foi ameaçada pelos “executivos” da falsa empresa.
As apurações também revelaram que o esquema funcionava com divisão de tarefas e que contava com falsificadores de documentos. Além disso, as três empresas que vendiam o serviço, alvo da operação, estão em nomes de “laranjas”, cujo o patrimônio declarado não condiz com as movimentações financeiras.
A polícia descobriu, ainda, uma lista com cerca de 20 nomes falsos que eram utilizados pela quadrilha. As aplicações eram feitas pela internet por meio de uma plataforma digital, mas os depósitos eram feitos em contas correntes.
Na investigação, a equipe da Corf, liderada pelo delegado Wisley Salomão, descobriu a existência da empresa denominada “Kripta Coin Investimentos em Tecnologia Ltda ME”. Essa pessoa jurídica estava em nome de Wendell Pires Alencar e Hélio Xavier Gomes. Estes seriam nomes falsos.
No Ministério Público, a Operação Patrick é conduzida pelo promotor de Justiça Paulo Binicheski. Uma das vítimas da corrente contou aos investigadores que tentou sacar os R$ 176.188,14 investidos, mas teve o pedido recusado e ainda se sentiu ameaçado por seguranças da empresa.
Entre os suspeitos alvos da operação no DF, três têm passagens pela polícia por injúria, ameaça, receptação, estelionato, formação de quadrilha, uso de documento falso, furto tentado, porte ilegal de arma de fogo, direção alcoolizada, lesão coporal, dano ao patrimônio e lesão culposa em acidente de trânsito.
Welbert Richard, um dos presos confirmados na operação desta quinta, coleciona denúncias de posse de drogas, furto de internet, Maria da Penha, calúnia e ameaça. Funcionários de um antigo restaurante dos irmãos — o Marinhos, que era localizado no Setor Comercial do Gama — fizeram uma denúncia ao serem ameaçados pelos dois por cobrarem os direitos trabalhistas após a falência do estabelecimento. Weverton Marinho também responde por apropriação indébita em outra ocorrência.
Em 2013, Welbert Richard voltou a ser preso após outra ação da Polícia Civil. Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na academia Premium, em Vicente Pires. No local, foram apreendidos diversos documentos falsos como carteiras de habilitação, cheques, máquinas de cartão, uma plastificadora e munições.
A organização criminosa usava diversas contas com nomes falsos para movimentar o dinheiro e ainda adquiria bens de significativo valor, como um helicóptero que estava registrado em nome de um jovem de apenas 18 anos, supostamente um laranja. Um dos líderes do esquema circulava com carros de luxo como uma Lamborghini e uma Ferrari.
o piramideiro Hildegarde Melo, que atuava como motorista de um aplicativo antes de entrar no negócio, também foi alvo da operação e acabou preso.
Outro braço do esquema, segundo as investigações, era Fernando Ewerton Cezar da Silva, 30 anos, herdeiro de uma grande concessionária de veículos do Distrito Federal e figurinha carimbada nas noites da capital.
Fernando tem passagem na polícia por acidente provocado por uma Ferrari em maio deste ano no Lago Sul. O carro de luxo colidiu contra outro veículo, que capotou e deixou a motorista ferida. Ela estava com a filha de 1 ano. As passagens são de lesão corporal, infrações no trânsito, acidente com vítima, danos a bem particular e injúria.
Em 2007, Fernando e o irmão Felipe foram acusados de espancar, usando uma barra de ferro, um casal de turistas que estava em uma festa no Lago Sul. O caso também foi parar na polícia.
No último sábado (16), por exemplo, o grupo reuniu milhares de pessoas na segunda edição da Kripta Music Festival, evento de música eletrônica que também foi idealizado para promover a marca. A festa, realizada no Estádio Nacional Mané Garrincha, reuniu DJs famosos e, claro, o alto escalão da empresa.
Apaixonados por carros importados, os irmãos também promoviam encontros de automóveis no Lago Sul. O próximo estava marcado para este domingo (24/9).
Assista o vídeo do presidente da empresa apresentando o golpe. Observem a quantidade de pessoas assistindo:

Fonte: DPF